A proposta deste GT consiste em promover discussões teóricas e metodológicas que enfoquem situações de conflito sucedidas em diferentes contextos offlines e online. Dessa forma, pretende-se realizar um exercício de compreensão da natureza dos conflitos, mas também discutir suas respectivas formas de manifestação, administração, publicização e/ou (in)visibilização na interface entre ciência e sociedade. Tal proposta justifica-se não somente a partir das abordagens clássicas das Ciências Sociais (Marx, Weber, Simmel, Adorno, Horkheimer), mas incluindo também desdobramentos mais recentes, isto é, contemporâneos, como a obra de Bruno Latour. Das abordagens pioneiras de Marx, Weber e Simmel aos dias atuais, diferentes estudiosos envidaram esforços no sentido de deslocar o conflito da condição de fenômeno disruptivo ou disfuncional para a de elemento construtivo, logo, inerente às ações, interações e relações sociais. Um dos ganhos evidentes de tal deslocamento tem sido o progressivo refinamento da teoria social dedicada ao tema, o que possibilitou que, enquanto problema sociológico, o conflito pouco a pouco se desvencilhasse das amarras e armadilhas do pensamento dualista. O mesmo, contudo, não pode ser dito das práticas e representações que o consubstanciam como problema social, sobretudo nos dias atuais, em que antagonismos sociais avultam com frequência. Sem sombra de dúvidas, a nova configuração tem relação direta com importantes transformações contemporâneas, dentre as quais cabe mencionar o advento das modernas tecnologias e métodos de comunicação, com destaque para as mídias digitais, cujos impactos se fazem sentir tanto no estabelecimento de novas modalidades de transmissão, recepção e fixação de conteúdos informativos quanto no engendramento de novos padrões de interação e relacionamento sociais. Ao longo da pandemia da covid-19, por exemplo, vimos emergir diferentes formas de produção e consumo da informação, o que engendrou uma recorrente preocupação no debate público em torno de temas como “pós-verdade”, “fatos alternativos” e “notícias falsas”. Destarte, para além dos conflitos propriamente ditos, passou a haver uma ampla circulação de representações a seu respeito, suscitando não só a existência como a visibilização pública daquilo que se poderia definir como conflitos de representações, cuja emergência torna-se especialmente evidente em contextos como o atual, de crise institucional e epistêmica.