A escola é um espaço social composto por diferentes indivíduos e grupos que cotidianamente vivenciam uma dinâmica própria dentro dos seus muros. A pluralidade de atores, experiências e valores permite que situações de conflitos e divergências ocorram das mais diferentes formas; assim como a explicitação de preconceitos e intolerâncias. Com frequência, essas situações são narradas e vivenciadas por alunos, professores e gestores. Bourdieu foi atento para as formas de violências simbólicas que são praticadas dentro do espaço escolar, e como a reprodução dessas práticas são marcantes na manutenção das formas de dominação e exclusão social. A proposta desse grupo de trabalho é criar um espaço para acolher estudos e pesquisas empíricas que analisam situações de conflitos, violências e intolerâncias que ocorrem tanto dentro do ambiente escolar como em seu entorno social, considerando que a escola não está isolada da dinâmica social que a cerca nem tampouco deixa de influenciar o contexto especial e social em que está inserida. Receberemos estudos etnográficos, relatos de experiências e pesquisas que narram e analisam esses conflitos e violências na e da escola; como também serão bem-vindos estudos que descrevam e interpretem as diferentes formas de administração, explicitação e mediação desses conflitos, considerando as interações entre os seus principais sujeitos sociais: os (as) alunos(as), os(as) professores(as) e os gestores(as).

JUSTIFICATIVA: Importa considerar que a pandemia de Covid 19 colocou milhares de crianças, adolescentes e jovens em isolamento social e manteve por muitos meses as escolas fechadas. O retorno pleno às atividades escolares só ocorreu em 2022, tal fato acarretou uma série de situações hodiernas que estão sendo vivenciadas no ambiente escolar. A volta às aulas presenciais trouxe para dentro da escola problemas novos a serem estudados; tais como: dificuldades para sociabilidade, déficits cognitivos para o aprendizado, crises de ansiedade, intolerâncias e indiferenças entre colegas, desamparo emocional, entre outros. Por conseguinte, questões que já estavam presentes na escola como intolerância religiosa, racismo, lgbtfobia, gordofobia, capacitismo, discriminação de classe, retornaram à dinâmica escolar como processos acusatórios e de zoação entre alunos e alunos e professores. Nessa esteira, o tema da sociabilidade juvenil e as experiências conflitivas no ambiente escolar torna-se, no presente momento, importante objeto de estudo nas pesquisas socioantropológicas e no debate que ora se apresenta no IX Seminário Internacional do InEAC que abordará o tema: Direitos, Desigualdades e Ciência- impactos da pandemia em perspectiva comparada.